Nova Zelândia I - Viagem ao Redor do Mundo do Vinho 2007

O que segue nos próximos relatos e fatos é exatamente o que inclui em meu blog anterior: http://wineworld.spaces.live.com/
A idéia de trazer para este novo espaço é para manter as informações em um lugar somente.
Não revisei ou alterei nenhum comentário ou idéia, pois creio que cada experiência tem seu momento particular.
Talvez hoje tivesse outras opiniões sobre alguns assuntos, mas, aquelas que aqui reproduzo pertencem a aquele tempo.
Nesta 7ª parte relato minha primeira experiência em Auckland e Ilha de Waiheke, Nova Zelândia em abril de 2007.


INTRODUÇÃO A VITICULTURA LOCAL
As vinhas pioneiras da Nova Zelândia foram plantadas em 1819, em Kerikeri, na ilha do norte. No século seguinte os esforços vinícolas quase não deram resultado. Os anos 60, entretanto, assistiram ao nascimento da indústria, com apoio do governo e a chegada de empresas internacionais. Com o aumento dos investimentos e do entusiasmo vieram melhores viticultura, cepas e vinhos.
A indústria vinícola neozelandesa fixou-se nas regiões mais quentes, ao norte, onde o amadurecimento era garantido: Auckland, na costa oeste da ilha do norte, e Hawke’s Bay, a leste, foram as fundações. Já durante os anos 70, o desafio foi ver do que a ilha do sul era capaz. Nos pontos mais frios do país foram testados com Sauvignon Blanc, Chardonnay, Merlot, Cabernet Sauvignon e Pinot Noir.
O cultivo das primeiras vinhas em Marlborough, em 1973, foi feito pela Montana, a maior produtora neozelandesa, cujo cítrico Sauvignon Blanc 1980 foi uma revelação, mostrando-se um catalisador da indústria vinícola do país.
Outras regiões na ilha do sul se abriram para vitivinicultura, incluindo Nelson, Otago, Central e Canterbury. Por volta de 1990, havia quase 5000ha cultivados. Foi o começo de uma expansão que não acabou mais.
O país é um membro importante do Mercado internacional de vinhos, com de 480* vinícolas.
Atualmente a cepa mais importante é a Sauvignon Blanc com 39%* total da área total de vinhedos, sendo que a segunda variedade dominante é a Pinot Noir (18%*).
O sucesso de seus vinhos, com frescor e sabor límpidos, não acabou, porem, com a sede dos vinicultores do país por novas descobertas, o futuro de outras cepas é bastante promissora, dentre elas o Pinot Noir e também o Pinot Grigio.

PRIMEIRO CONTATO
Meu primeiro contato com o vinho local foi em uma loja no centro de Auckland. Com um desconto obtido em um guia turístico em mãos fui verificar o que a loja tinha a oferecer. O lugar (NZ Wine Makers Centre) é um pouco caro para o meu orçamento - mas tudo em NZ parece ser… A coisa a mais agradável foi encontrar o gerente, que fez uma viagem muito similar a minha: foi a América do Sul explorar as regiões do vinho – excelente compartilhar experiências - ele deu alguma informação sobre a vizinhança de Auckland, que foi uma grande motivação para iniciar minha missão... Entretanto, eu comecei minha expedição um pouco mais ao leste, quando em um passeio com um grupo na Baía de Coromandel. Foi na semana passada, quando uma chuva forte e constante fez nossa guia mudar os planos de do roteiro de nossa excursão; sugeriu uma visita a um vinícola, como uma alternativa para as atividades ao ar livre.
Foi uma pena não poder apreciar plenamente a linda costa do leste; entretanto a idéia de visitar uma produtora de vinho soou muito bem para mim.

PURANGI ESTATE
Purangi é situado na baía do mercúrio, em uma paisagem bonita. O amigável proprietário, Robert Evans, explicou que as uvas usadas para seus vinhos não vêm da área - que não tem a condição ideal para cultivar uvas. Ele deu explanação a tudo que nós pedimos e fez comentários sobre as dificuldades dos pequenos negócios de vinho e de uma falta da política para sua produção.
O estabelecimento produz vinho e licor de fruta. Após ter experimentado "o vinho de uva", eu degustei os “vinhos” de Kiwi e Feijoa, que foram os melhores exemplares da produção da propriedade.



ILHA DE WAIHEKE
A lindíssima ilha localiza-se a 40 minutos de Auckland por balsa, e é um destino muito popular. Construiu uma reputação para o vinho tinto fino e, desde os anos 80 experientes profissionais têm produzido vinhos aclamados no mundo todo, particularmente vinhos de corte de Cabernet Sauvignon e de Merlot. Muitos destes vinhos ganharam diversos prêmios e, podem somente ser encontrados em Waiheke ou em alguns dos restaurantes mais finos ao redor do mundo.A ilha tem um clima ameno, seco, similar ao de Bordeux e é visível e "bebível" a similaridade dos estilos entre as duas regiões, ambos influenciados pelo clima marítimo.
* Informação do site http://www.winesofnz.com/Info.aspx realtivas a 2006.

Com uma boa e influente revista em mãos (Cuisine – wine country), que havia comprado recentemente, planejei minha rota de visitas na ilha. Considerei primeiramente as vinícolas abertas ao público - por razões óbvias, e então essas selecionei ao que poderia visitar usando transporte público ou caminhando- por causa mais evidente, e entre estas as que tem diferencem-se entre si, para ter uma idéia mais ampla.
Assim que eu cheguei em terra firme, busquei no centro de informações um mapa das vinícolas, que combinei as informações com um mapa para caminhadas, e decidi visitar primeiramente a localidade mais distante que pudesse alcançar com o ônibus local.

STONYRIDGE WINERY
Meu começo não poderia ser um melhor, me senti entre amigos lá. Toda a equipe de funcionários era agradável e realmente amigável, demonstrando gostar do que fazem e identificar com o negócio. Eu tive a oportunidade de ter conversas informais com o gerente do vinhedo e também com o proprietário, Stephen White - quem aparente ter um envolvimento completo com o negócio e demonstra uma grande simplicidade.

O lugar é bastante diversificado; produz vinhos finos e azeite de oliva que foram merecedores de premio; tem um charmoso restaurante e também um café – de onde pode-se contemplar a paisagem e vinhedo, também ali ocorrem festas que são organizadas ocasionalmente.
Os visitantes recebem boas-vindas com uma taca do Church Bay, Chardonnay 2006 - na correta temperatura de ser servido, e são convidados então para seguir a guia pela propriedade, onde nós ouvimos um pouco a respeito das técnicas de produção utilizadas, pudemos apreciar o cenário e ainda, ver e tocar em uma árvore de cortiça!
Em sua adega nós provamos o Airfield 2004, um vinho de corte no estilo Bordeaux, qualificado com “segunda linha”, que tranquilamente poderia competir com alguns outro vinhos considerados de “primeira- linha”.
Depois que nós terminamos a excursão eu me presenteei com uma taca do Stonyridge Pilgrim 2005, que é um vinho de corte no estilo de Rhone com Syrah, de Grenache e de Mouvedre.
O local faz os vinhos maravilhosos, todos orgânicos, que são mais caros do que os vinhos em geral da Nova Zelândia geralmente. Então, eu estava contente de ter a oportunidade de prová-los onde suas uvas encantadoras crescem.



GOLDWATER ESTATE
Fundada em 1978, a propriedade Goldwater abriu caminho para produção de vinho na ilha (Cabernet, Merlot, Franc e Chardonnay) e também Marlborough (Sauvignon Blanc e Chardonnay) e a Baía de Hawke (Merlot e Cabernet).
Quase todos seus vinhos têm envelhecimento em madeira, aparte do Sauvignon Blanc que é elaborado no conhecido de Marlborough, preservando o frescor e presença marcante de frutas. O Chardonnay tem carvalho, mas com caráter diferente dos exemplares que provei na Califórnia. A empresa tem um olho no mercado interno e outro no mercado estrangeiro e, têm exportado com sucesso principalmente para o Reino Unido e Japão.
No dia que visitei Goldwater, ocorria um evento anual que é bastante concorrido e apreciado: uma refeição 10 pratos que se estende por toda tarde. Como eu não tinha tanta fome assim eu preferi admirar a vista do alto do monte, onde uma árvore nativa chamada Pohutukawa encontra-se e dá inspirações aos amantes de natureza. A vista que da Baía de Putiki é lindíssima.



CABLE BAY
Mais uma vez, depois que um passeio curto de ônibus e um pouco de caminhada, estava outra vez entre as uvas, desta vez na novíssima propriedade de Cable Bay. O edifício novo com um restaurante; bar; sala de degustação e outras de eventos; teve sua obra finalizada no começo deste ano.
A vista desde o estabelecimento não decepciona e, pode-se apreciar seus vinhos admirando a Church Bay.
Por uma pequena tarifa você pode provar 7 vinhos diferentes, com uvas provenientes de sua propriedade local e também de Marlborough.
Sua lista de vinhos é bem variada. Todos seus vinhos têm envelhecimento em carvalho, incluído o Sauvignon Blanc – ocultando o caráter associado a uva daquela localidade. O Pinot Noir 2005 era encantador. Porém seu melhor vinho não pude provar, pois "o vinho reserva" - que é feito das mais melhores uvas relativas aos melhores anos, não está disponível na degustação – que pena.
Eu terminei minha excursão na ilha mágica, fazendo o que todos amam fazer na Nova Zelândia - incluindo os locais: tramping! É o que outro se chama “caminha de trilha”, mas você pode apenas fazer “tramping” a maneira que os kiwis o fazem, se estas aqui!

AUCKLAND FOOD AND WINE FESTIVAL
Uma maneira boa de se encontrar a produção local e os produtores é visitando uma feira. Bem, como Auckland é a maior cidade do país, sua maneira de fazê-lo é um festival.
Lá eu estava, em um dia razoavelmente bom de um agradável sábado. Após ter pagado à entrada, que incluiu uma taca de vinho, muitas provas de produtos locais como queijo e salames e o direito de comprar vinho...
Muito importantes produtores de vinho estavam lá representados e, eu experimentei alguns de seus vinhos, buscando provar algo novo. Eu tive uma boa surpresa, provei um Viognier 2005 da propriedade de Te Mata, que foi quem introduziu a cepa na Nova Zelândia. Eu estava contente ao tido escolhido acima algo fora do ordinário e que por sinal era muito bom.
O festival é popular entre os nativos e também forasteiros e, tem um bom programa de atividade, com apresentações musicais e também palestras. A palestra que presenciei foi de um sommelier francês, que emigrou para Nova Zelândia e falou sobre a combinação vinho e comida, vinhos Neozelandeses na sua maioria - um francês reconhecendo o talento não-francês!



ENFEITIÇADA
A ilha de Waiheke é conhecida como “mágica”, sera que me enfeitiçou?
A verdade é que eu gostei muito e decidi ir voltar no domingo.
Iniciei a explorar a área por uma vinícola que estava fechada para visitas. Mas não foi má sorte, pois quando eu cheguei os trabalhadores da vinícola estavam, literalmente, com a mão na massa, trabalhando, mas, ainda encontraram tempo para uma conversa. Depois de uma excursão auto-guiada através do vinhedo, onde eu pude observar que a maioria das uvas não tinham sido colhidas.
Os trabalhadores estavam em uma equipe de dois, um deles kiwi e outro francês (mais um!! É uma invasão francesa?) e tomei proveito da cordialidade da conversa para fazer umas poucas perguntas sobre o trabalho. Um delas foi relacionado às uvas que estão na videira e a alguma já começaram a murchar. Explicaram que isto era proposital para compensar o açúcar diluído com a chuva forte dos últimos dias, mas a colheita para os próximos dias.

Aprendida a lição, rumei para a próxima visita que era na verdade bem próxima.

TE MOTU VINEYARDS
Apenas 500 metros Saratoga de Te Motu, mas a distância no estilo é imensa.
Um dos proprietários foi quem me apresentou as vinhos para degustação e quando eu comecei fazer perguntas regulares sobre o negócio, ele apontou seu vinho em destaque no livro do "Confrontation Grands Bordeaux 1996 et assemblage Bordelais (vins etrangers)" onde seu vinho Te Motu 1999 alcançou a pontuação de 16.5/19 – dando a entender que aquilo era tudo que eu deveria saber sobre seu vinho.
Não me sentindo muito a vontade, eu escolhi experimentar um Dunleavy 2002, corte de Cabernet e Merlot, feito com as uvas colhidas a mão, que tem o controle de sua baixa produção.
O vinho era bom e ainda em desenvolvimento. Seria agradável prová-lo outra vez em um par de anos.
Admirando seu vinho mas não seu serviço, eu sai do lugar para meu almoço no centro da cidade e o início da tarde eu dediquei ao turismo - hey, eu sou ser humano! Logo após, minha última visita a uma vinícola por enquanto!

MUDBRICK VINEYARDS
Eu não visitei a vinícola no melhor momento: era quase hora de encerrar o expediente. Assim, eu não tive tanta atenção e recebi os vinhos brancos em temperatura ambiente, que removeu algum do brilho – e gosto - da visita.
Entretanto, foi uma experiência boa. A guia era conhecedora do assunto e sabia o que oferecia – isto faz uma enorme diferença.
Se paga NZ$5 e desguta 8 vinhos!! - um bom negócio. Foi interessante também a degustação vertical onde se tem a possibilidade de comparar 3 anos diferentes do mesmo vinho (2003, 2004 e 2005 do corte ao estilo Bordeaux).
Provar sua Reserva Syrah 2005 foi um prazer. Eu, que não morro de amores pela variedade, adorei. Tinha aroma de terra e era cheio das frutas pretas que brincavam no paladar por um longo tempo.
Para terminar meu dia na ilha, eu senti na sacada da vinícola contemplando a vista, que é, até o presente momento, a mais linda da ilha, ou estaria eu enfeitiçada.

Até mais,
Marcia Amaral