Lindo dia de visitas as vinícolas da Serra Gaúcha.

(veja fotos ao final)
O último sábado foi um agradável dia no úmido inverno gaúcho.
O frio intenso e chuva deram uma trégua no dia de visitas as vinícolas da Serra Gaúcha.
Ainda sonolentos, mas com um entusiasmo de crianças em excursão, saímos cedo de Porto Alegre com destino a Garibaldi - terra do espumante no sul do Brasil.



A nossa primeira visita foi à vinícola que leva o mesmo nome da cidade.
A Cooperativa Vinícola Garibaldi destaca-se como uma das maiores do setor, dependendo dela cerca de cinco mil pessoas, entre associados, funcionários e seus familiares. Possui uma área de 32 mil metros quadrados e sua capacidade de estocagem é de 20 milhões de litros de vinho. Seu parque industrial possui em sua maioria máquinas italianas e um sistema de tecnologia avançada para o melhor recebimento e beneficiamento da safra de seus 300 associados.

Entre seus produtos eu destaco o Espumante Garibaldi Moscatel o qual custa em média R$16,00 nos supermercados e é elaborado com as variedades Moscato Branco e Moscato Giallo, utilizando o processo Asti na sua elaboração. Ele é um espumante simples, suave, bastante aromático, mas de excelente qualidade em sua proposta. Já obteve inúmeros prêmios fora do Brasil, sendo que somente este ano já foi premiado nos EUA (San Francisco e Miami); Hungria; Canadá; Itália; Grécia e França.

A visita foi uma viagem ao fundo do barril - literalmente, pois a vinícola dispõe tonéis enormes por onde circulamos enquanto conhecemos um pouco de sua história e seus atuais processos de elaboração de seus vinhos e espumantes.

Finalizamos com a degustação de espumantes e vinhos e, a experiência do sabrage (veja no vídeo), a qual após uma demonstração foi realizada; com sucesso e sem acidentes, por uma voluntária do grupo.
Seguimos rumo a Capital Brasileira do Vinho: Bento Gonçalves, a qual, ainda que distante somente 11km, tem montanhas e estradas sinuosas o suficiente para fazer desta uma viagem agradável e lenta.

Chegamos ao final da manhã na Vinícola Geisse, localizada em Pinto Bandeira, um distrito da cidade.
A Vinícola Geisse foi fundada em 1979, pelo engenheiro agrônomo e enólogo Mario Geisse, chileno que veio para o Brasil em 1976, contratado para dirigir a Moët & Chandon do Brasil. Logo nos primeiros anos percebeu que aqui existia um potencial incrível e ainda não desvendado para se desenvolver a elaboração de produtos de alta qualidade, principalmente em matéria de espumantes, o qual ele considerava ser a grande vocação da região.

Um dos destaques entre seus produtos está o espumante Cave Geisse Brut, elaborado com as variedades: Chardonnay e Pinot Noir, pelo método de elaboração tradicional (Champenoise).
Este espumante foi o escolhido para o brinde comemorativo da visita de Barack Obama este ano e também tem reconhecimento internacional. A crítica de vinhos Jancis Robinson, uma das mais conceituadas do mundo, fez grandes elogios ao espumante brasileiro Cave Geisse Entusiasmada depois de ter degustado o Cave Geisse Brut 1998 pela primeira vez, ela lançou as notas de degustação em seu prestigiado site. Para confirmar a sua surpresa, ainda selecionou o Cave Geisse para ser apresentado por ela mesma na Wine Future Conference 2011, que este ano será realizada em Hong Kong.

A visita foi muito informativa e gerou um grande interesse no grupo para investigar sobre os diferentes processos de elaboração e as particularidades desta vinícola, na qual todo o trabalho laboral está em mãos de mulheres, pois se acredita que mãos femininas tratam com mais delicadeza e cuidado o produto.

Para meu deleite, o espumante Cave Geisse Rosé Terroir 2006 (100% Pinot Noir, também elaborado pelo método tradicional), do qual somente utilizadas as uvas provenientes de parreirais de grande expressão de seu terroir e, com somente 5.172 garrafas produzidos, foi o gran finale da degustação. Maravilhados com o fino perlage dos vinhos, comentávamos os espumantes e a alegria que as borbulhas trazem consigo a taça. Le joie de vivre!

Uma pausa para almoço se fazia necessária, depois de tantos vinhos degustados e do horário: almoçamos mais tarde que o previsto, pois tínhamos mais sede de aprender que fome.
O lugar escolhido foi uma cantina italiana, onde o tempo se perde e a dieta morre.

Nosso último destino foi no coração ao Vale dos Vinhedos, caminho bucólico que mais parece uma passarela vitivinícola.
Ainda que faltassem algumas horas para o pôr-do-sol, as montanhas já escondiam um pouco a luz, o que, na verdade, tornava a paisagem ainda mais bucólica.

Depois de muitas curvas por estradas simples do interior do vale, chegamos à Vinícola Pizzato. Um negócio tipicamente familiar, construído com as mãos de toda família Pizzato e, mantido com sua dedicação e empenho.

Em 1998, o antigo sonho do Sr. Plínio Pizzato e família – o de produzir vinhos finos para a comercialização – tornau-se realidade a partir de um projeto conjunto com os filhos Flavio e Ivo (enólogos) e as filhas Jane (Comercial) e Flávia (Turismo).

Os vinhedos já produziam uvas desde 1968, vendidas a outras empresas. E a própria vinificação iniciou no ano de 1999 com a elaboração do Pizzato Merlot em quantidade final de 15.500 garrafas de 750 ml, o qual foi lançado no mercado em Setembro de 2000.

Pizzato Reserva Merlot, é um referencial da casa, elaborado em tanques de aço inoxidável, com 5 meses em barris de carvalho americano e envelhecimento em garrafa.
Ele já nasceu para brilhar e é considerado um dos melhores Merlots brasileiros, sendo que logo na 1ª safra (1999) já ganhou importantes prêmios no mercado nacional: Melhor Vinho Geral (1º Guia de Vinhos Brasileiros 2001) e Melhor Vinho Tinto Nacional (Valor Econômico - melhores de 2000).
Porém, a estrela desta visita, em minha opinião, foi o Pizzato Reserva Alicante Bouschet 2005. Elaborado com esta uva de origem franco-espanhola, muito utilizada em Portugal, que gera vinhos muitos estruturados, de cor exuberante e com grande potencial de guarda.
Excelente vinho, de uma das melhores safras da região.
Um final extraordinário para o nosso dia!

Já era hora de descer a Serra e voltar à capital. Tal qual como para excursionistas cansadas a conversa foi pouca e o descanso prevaleceu.

Saúde,