Lapostolle, Chile - Turismo Gourmet Sem Frescura VI

Fonte: http://www.rutadelvino.cl/mapa.html 
Meu próximo destino no Chile; em minha viagem do Turismo Gourmet Sem Frescura; foi na região do Vale de Colchagua, distante 180 km de Santiago,  na Latitude 34º.
É uma viagem rápida, mas vale a pena ficar mais de um dia na região e explorar com calma as preciosidades do local. Uma boa ideia é alugar um carro desde Santiago.
O vale é um belíssimo lugar na rota do vinho deste país, reconhecida como a Melhor Região Vitivinícola do Mundo, no ano de 2005, pela revista norte-americana Wine Enthusiast.



Eu escolhi como base a cidade de Santa Cruz, uma pequena cidade que tristemente sofreu muito com o grande terremoto que abalou o país em 2010. 
Não há muito o que fazer na cidade, mas seu entorno tem encanto de sobra.

Não por acaso que nesta região localizam-se excelentes vinícolas, como MontGras,  Viña Montes e Lapostolle, sendo que a segunda mencionada foi eleita como a melhor vinícola do Novo Mundo em 2002 e a última recebeu o mesmo reconhecimento em 2008, ambas distinções recebidas da mesma revista acima mencionada.

Em meu primeiro dia de visita, escolhi a zona de Apalta e visitei Viña Montes e Lapostolle, que são vizinhas neste zona reconhecida pela qualidade de seus vinhos e, que estão entre os melhores do Chile.


Apalta tem de um lado como vizinho o rio Tinguiririca e ao outro descansam as colinas da Cordilheira da Costa, que cercam os vinhedos como uma  ferradura.
Esta condição geográfica, tão particular, é  essencial na formação do terroir e  responsável pela condições que garantem equilíbrio nas vinhas , assim como um amadurecimento lento para as uvas.
Ao amanhecer e ao por do sol, as montanhas bloqueiam os raios solares, limitar a exposição excessiva e, o rio tem uma influência de resfriamento sobre o clima.

Neste relato mencionarei a primeira visita, feita à Lapostolle e, nos seguintes a outras vinícolas mencionadas.

Flores de "Botón de Oro" douram os caminhos. 

Ainda era primavera e o colorido das flores entre os vinhedos criou algumas das paisagens mais lindas que eu vi em minhas andanças por este mundão do vinho.

Logo em minha chegada à La Postolle, o chão dourado pelas flores quase hipnotizava os sentidos.
Sorte minha que q-u-a-s-e, pois o que me esperava na sala de degustação eram vinhos para provar com os sentidos bem atentos.


Antes de chegar lá, vi nos vinhedos a beleza da natureza integrada ao trabalho do homem, o que é o reflexo do cultivo orgânico e biodinâmico aplicado aos trabalhos da vinícola e também, de todo comprometimento assumido com a sustentabilidade.

Vale a pena visitar o site da vinícola e conhecer todo o compromisso de preservação ambiental assumido pela empresa.

Veja isto ilustrado no vídeo abaixo e, aproveite para fazer um tour virtual.
Horta orgânica no topo da edificação.
Pode-se dizer que esta filosofia está presente do solo ao telhado, o qual não é exatamente um telhado pois tem outros usos e, em parte é por uma horta orgânica que abastece o restaurante que serve às pousadas luxuosas que fazem parte do empreendimento.








Também do alto iniciam os trabalhos da vinícola, aproveitando-se da gravidade nas distintas etapas de produção.

Em um projeto arquitetônico  lindíssimo, arrojado, engenhoso, a parte externa do prédio da vinícola tem o formato de um barril e seu interior abriga o uso inteligente deste desenho, nos seis níveis do prédio.

Parede da vinícola que mostra a escavação na rocha de granito.
Utilizou-se recursos locais em sua edificação, como por exemplo o granito extraído do terreno para a construção do edifício que foi ao chão, literalmente, para compor o piso.
E hoje o trabalho de excavação feito pode ser parcialmente visto em uma das paredes, mantidas de maneira natural.
Ali também é fácil perceber o que as vinhas têm que enfrentar até alcançar os nutrientes que necessitam. Ruim para elas, bom para  vinho.

Lapostolle foi fundada por Alexandra Marnier Lapostolle e seu marido Cyril de Bournet em 1994.
A família Marnier Lapostolle; fundadora e proprietária; é famosa pela sua produção de licores e bebidas destiladas, em especial o "Grand Marnier" e, está envolvida a várias gerações na vinificação: primeiramente na França com o famoso Châteaux de Sancerre e depois no Chile, com a Viña Lapostolle.

Seu objetivo no país desta visita é tão simples quanto ambicioso: criar vinhos de classe mundial usando expertise francesa no magnifico terroir do Chile. O 'slogan' da vinícola ilustra bem este pensamento: "francesa na essência, chilena de nascimento".

Barricas de carvalho, francês 'évidemment'.

Atualmente, Lapostolle possui 370 hectares em três vinhedos diferentes e produz um total de 200.000 caixas de vinhos por ano, entre Sauvignon Blanc, Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Merlot, Carmenère e Syrah.
Os vinhedos que localizam-se na região de Apalta têm sua exposição solar é do Norte ao Sul, o que é raro no Chile. 
A vinícola trabalha com quatro linhas de produtos, sendo que destas eu provei três:

Casa, Sauvignon Blanc 2010
Com uvas provenientes de seus vinhedos da região do Vale do Rapel, leva 93% de Sauvignon Blanc e 7% Semillon .
Com tonalidade verde amarelo pálido brilhante, tem aromas intensos de frutas cítricas e tropicais e, notas minerais. É fresco, redondo, agradável e tem um final cremoso.


Cuvée Alexandre,  Carménère 2007
Dos vinhedos de Apalta, no Vale de Colchagua, vem as uvas para compor este 100 % Carménère.
Apresenta coloração profunda e intensos aromas de frutos do bosque, pimenta preta (adoro!), com notas de tabaco, especiarias e ervas. Os taninos são macios num corpo firme. É um vinho bem equilibrado, com boa acidez e retrogosto longo.


Clos Apalta, 2007
Elaborado com 61% Carménère, 24% Cabernet Sauvignon, 12% Merlot e 3% Petit Verdot, provenientes dos vinhedos de Apalta, este é o vinho ícone da casa.
É elaborado com estágio de 24 meses em barricas de carvalho francês, 100% novas, sendo  após engarrafado sem qualquer filtração  ou tratamento, utilizando-se para todos estes processos, a gravidade.
Com coloração púrpura profunda, seus aromas são intensos e complexos, com nuances de especiarias, frutos do bosque, ervas, flores e toques minerais. Na boca mostra um equilíbrio elegante, com taninos aveludados e uma persistência muito longa - um bom vinho de guarda.
Esta safra recebeu boas pontuações dos meios especializados: 93 Wine Spectator e, 93 Wine Enthusiast - Best Value.
Isto demonstra uma consistência de qualidade, pois o mesmo vinho, com a safra excepcional de 2005, atingiu 96 pontos da Wine Spectator, sendo este considerado o Vinho do Ano na eleição de 2008.

Meu dia de visitas podería haver terminado por ai, mas não foi o que aconteceu. Logo depois de quase perder meus sentidos em La Postolle, eu rumei à uma outra visita que os despertou, literalmente.

Até a próxima, não muito distante.







Fontes de Consulta:
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