Casas Del Bosque, Chile - Turismo Gourmet Sem Frescura IX

Em minha expedição do Turismo Gourmet Sem Frescura no Chile, não poderia deixar de faltar uma região que eu ainda não havia visitado e, que vem ser tornando uma das mais conceituadas para vinhos brancos na América do Sul: Valle Casablanca.



Fonte: http://www.casablancavalley.cl/mapa.php
Este vale empoeirado sempre teve uma importância estratégica, mas não econômica, devido os escassos recursos hídricos.

Porém, uma vida nova surgiu no vale quando alguns reservatórios de água foram construídos, possibilitando o cultivo de árvores frutíferas e também a cultura do gado.

Mas a história do vinho na região é muito mais recente e, pode-se dizer que, começou no final dos anos setenta com o enólogo Pablo Morandé quem, acreditando no potencial do Valle Casablanca para vinhos brancos, comprou 20 acres e em 1985 apresentou os seus primeiros vinhos de Sauvignon Blanc e Chardonnay.

A primeira região da costa de clima frio do Chile logo lançou mais vinhos, muito frescos e que chamaram atenção do mundo.
Atualmente, aproximadamente 4000 hectares estão plantados, 48% destes são de Chardonnay, 28% de Sauvignon Blanc e 11% de Pinot Noir e também de Merlot e somente 2% são de Carménère.
Hoje o vale conta com importantes vinícolas como Casas del Bosque e Emiliana, as quais visitei e serão neste espaço relatadas, além da precursora Morandé, a qual não tive oportunidade de visitar a vinícola, mas compensei com um almoço ma-ra-vi-lho-so em seu restaurante  House of Morandé, localizado na estrada que liga Santiago à Viña Del Mar (Ruta 68).

Barricas 'sangrando' na Casa Del Bosque
A primeira visita no vale foi à vinícola Casas Del Bosque, localizada na cidade de mesmo nome do vale.

A vinícola, fundada em 1993, tem vinhedos no Valle do Rappel onde produz algumas variedades tintas, além de Casablanca, onde obviamente as brancas brilham e as tintas não fazem feio, como o Pinot Noir e Syrah que degustei.
Entre as mais reluzentes está a Sauvignon Blanc (minha amada Sauvy de quem eu não faço segredo algum do meu amor). A cepa representa quase 45% dos vinhos produzidos e, tem caracteristicas que fazem jus a preferência.
A própria Casa divulga seu vinho varietal como o melhor do Chile, sem falsa modéstia.
As  caracteristicas da Sauvy chileno assemelham-se muito as da Nova Zelândia e eu considero isto um elogio.
Alguns fatores são responsáveis pelas semelhanças, entre eles as condições climáticas e também as práticas vitivinícolas, as quais, em ambos países, não tem compromisso algum com modelos ultrapassados.

Degustação Experimental na Casas Del Bosque
E foi com ela o primeiro encontro na degustação - muito bem organizada e uma linda sala, por sinal: Sauvignon Blanc Rerserva* 2010 - Um vinho com  12,4% de álcool e 7,0 g/L de acidez total: um convite ao verão e, também a gastronomia... impossível deixar de pensar em um Ceviche para acompanhá-lo e só de lembrar, já começo a salivar - seria a acidez?!
Também estavam presentes notas intensas limão e nectarina. Na boca o pêssego branco e um pouco de vegetal predominaram.
Este vinho arrecadou premiações pelo mundo afora e obviamente dentro de seu próprio país.
Nota: *Reserva ou Gran Reserva não são termos específicos ou regulados no Chile e, referem-se principalmente a qualidade do produtos.

A sequência nos trouxe outro varietal de grande expressão naquela região: Pinot Noir Gran Reserva 2009.
Um vinho de álcool elevado: 14,5%, bem como a acidez total de 5,8 g/L, ambos marcantes em boca, mas que não molestam para nada.
Seu processo de elaboração contou com 14 meses de estágio em barricas francesas, parte de primeiro uso e parte de segundo.
De cor pouco profunda, como se espera um Pinot Noir, a exeburância se apresentou nos aromas de cereja e na boca, cheia de morangos, com uma pitada de canela e noz-moscada - ¡buenísimo!
Degustação na Casas Del Bosque

E o final da degustação nos reservava um vinho com potencial: Syrah Gran Reserva 2008.
Ainda que mais velho que os anteriores, este vinho notoriamente se favoreceria de mais alguns anos de maturidade.
O carvalho lhe caiu muito bem (francês novo, para menos de 50% do vinho por 12 meses), num equilíbrio onde nada se sobrepõe. Mas, há flores marcando as notas de boca e deixando um gosto marcante e longo.
Este é outro vinho da vinícola que seduziu vários lados, ganhando reconhecimento.

Além de reconhecer o trabalho que resulta em vinho, também pode-se conhecer muito do trabalho para fazê-lo, nas fichas técnicas que a vinícola dispõe no site - uma classe de enologia. ¡Yo recomiedo!

Acompanhe o próximo relato ainda no Valle Casablanca, em breve e com muitas flores...
Saúde!


Fontes de Consulta:
http://www.casasdelbosque.cl