Isso Parece Grego Para Você?

Se Assyrtiko, Moschofilero, Agiorgitiko, Xinomavro soam grego no seu conhecimento do vinho, saiba que você não é a única pessoa, tampouco está errada – todas estas castas autóctones da Grécia.

O cultivo da videira, bem como a produção de vinho e o seu consumo ao longo dos tempos foram ligados à vida cotidiana da Grécia com laços cujas origens se perdem no tempo. Os produtos e o vinho provenientes da videira são parte cultural, social e nutricional dos gregos e da vida grega.

Na Grécia, desde os tempos pré-históricos até o presente, o vinho no cotidiano, como complemento da nutrição, como parte da religião, ou como puro prazer, sempre esteve entrelaçado com a memória coletiva grega e, com toda a probabilidade, foi gravado no DNA grego.

Tão importante é o vinho, que na mitologia grega havia um deus relacionado a ele, Dionísio, o qual possuía os conhecimentos do plantio e colheita da uva. Possuía também os segredos da produção do vinho e era associado às festas e atividades relacionadas ao prazer material.

Talvez existam vinhos gregos dos deuses, mais ainda desconhecidos da maioria dos simples mortais.
Quiçá a barreira linguística e a difícil pronúncia dos nomes gregos afastem novos apreciadores, ou quem sabe os gregos bebam todo seu vinho e nada sobre para terras distantes?!
Uma boa ilustração do quão raro são os vinhos gregos nas terras estrangeiras, são as estatísticas da OIV (Organização Internacional da Uva e Vinho).
Segundo os números da OIV a Grécia ocupa a 16ª posição na produção mundial de vinhos (2.6 mhl em 2016), porém consome na mesma proporção que a Argentina (pouco acima de 30 litros/ano per capita) – país que ocupa a 9º posição como produtor (8.8 mhl em 2016).

Escolhi uma das castas autóctones para exemplificar o vinho grego aqui, e no evento Seleção Privada: Agiorgitiko.
Agiorgitiko é uma casta tinta nativa da Península do Peloponeso da Grécia. É uma das uvas de vinho mais amplamente plantadas do país após Xynomavro, e passa por vários sinônimos locais.
Agiorgitiko significa "Uva de São Jorge", e provavelmente é nomeada para uma capela perto de Nemea – berço da uva em Peloponeso.  Inclusive, esta é a única variedade permitida na denominação de Nemea – onde se expressa bem no clima quente do Mediterrâneo.
Nesta região semi-montanhosa (entre 450 m e 650 m), é onde a casta encontra um amadurecimento completo de sabor com acidez e estrutura suficientes para manter o vinho equilibrado. Em altitudes mais baixas, e com menos cuidado, os vinhos de Agiorgitiko podem ter pouca acidez.
Esta é uma casta extremamente versátil e é usada para produzir, desde vinhos rosés até vinhos tintos expressivos, mas com taninos macios. A maturação em barril ou barrica, em carvalho ou madeiras locais, é cada vez mais usada na Grécia para auxiliar o processo da sua maturação.
Quando não produzido como vinho varietal, o Agiorgitiko faz um bom corte, especialmente com Cabernet Sauvignon.

Nemea  é uma DOP denominações de origem reconhecidas/reconhecida, sendo esta equivalente a  francesa AOC (Appellation d'Origine Contrôlée).
O vinho que será apresentado no evento Seleção Privada é originário de Aigialeia, ao norte da  península de Peloponeso de onde recebe sua denominação de Peloponnese IGP, sendo a esta denominação similar ao VDP (Vin de Pays) francês.
Mapa das Regiões Vitivinícolas da Grécia
Uma parte significativa dos atos na legislação relativa ao vinho grego diz respeito à determinação de condições prévias para o uso de indicações para vários vinhos regionais (vinhos de IGP) e denominações de origem reconhecidas (vinhos de DOP).
A legislação grega relativa ao sector vitivinícola determina as condições de aprovação e utilização das denominações tradicionais de vinho que são posteriormente reconhecidas e protegidas pela União Europeia.
Também há a categoria dos vinhos varietais - uma nova categoria de vinho que inclui os vinhos de mesa que satisfazem todos os pré-requisitos e controles necessários. Em contraste com os vinhos de mesa comuns, os vinhos desta categoria de vinhos têm a indicação do seu ano de safra e composição varietal, mas não da sua indicação geográfica.
Já os vinhos de mesa "ordinários" pertencem a uma categoria de vinhos que inclui todos os vinhos que não são nem DOP nem IGP, mas também não estão na categoria de vinho varietais. O regulamento estipula que os vinhos de mesa nesta categoria de vinho ainda não têm o direito de exibir seu ano de safra ou as variedades que participam de sua composição.

Ficou curioso para saber mais, confira algumas informações adicionais nos sites de referência e, prove vinhos gregos! Porque não há nada melhor do que aprender degustando.

Saúde! Στην υγειά σας! Cheers!

Sites de Referência:
http://www.newwinesofgreece.com
http://www.oiv.int
https://www.jancisrobinson.com
https://www.wine-searcher.com
https://www.suapesquisa.com/mitologiagrega/dionisio.htm